A aprendizagem de um instrumento musical é possível em qualquer idade, sendo os benefícios para a saúde do novo aluno enormes:
“ao contrário do que as pessoas acreditavam, os períodos críticos (períodos ideais para adquirir novas aprendizagens) não são tão restritos (anteriormente estes períodos estavam confinado à nossa juventude). Surge assim um mundo de possibilidades para os muitos adultos que abrigam sonhos secretos” … “Exercitar o cérebro ajuda à sua manutenção, preservando plasticidade (capacidade do sistema nervoso de aprender coisas novas), afastando a degeneração e, literalmente, mantendo o sangue a fluir. Além dos benefícios potenciais para os nossos cérebros, há benefícios para o nosso bem-estar emocional, também. Não pode haver melhor maneira de alcançar a felicidade duradoura – em oposição ao mero prazer fugaz – que perseguir um objetivo que nos ajuda a ampliar os nossos horizontes “. Gary Marcus in ‘Guitar Zero’
Esta citação é retirada do livro ‘Guitar Zero’ de Gary Marcus, livro onde é relatada na primeira pessoa, a experiência vivida pelo professor de Psicologia na Universidade de Nova Iorque, que durante um ano sabático resolveu satisfazer um sonho que tinha desde há muito: aprender a tocar seriamente guitarra.
Mas existem múltiplos testemunhos de pessoas que aprendem a tocar tardiamente…
Recordar Sonhos Musicais na Meia-idade
Um inexplicável amor pelo violoncelo residia num canto remoto da cabeça de Cassandra Gordon. Um dia, quando assistia a uma aula de música de uma das suas netas, na sua tenra infância, em Brookline, Massachussets, Cassandra reparou num anúncio no hall da escola oferecendo aulas de música para adultos. Decidiu entrar em ação.
A Sra. Gordon aproximou-se da escriturária e esta deu-lhe uma lista de quatro professores. Escolheu um nome da lista, alugou um violoncelo e começou a ter aulas. Isto foi há 11 anos. Atualmente, a Sra. Gordon, uma escritora de viagens e guia turístico com 73 anos, ainda se aplica no violoncelo, estudando 45 minutos por dia, e isto, apesar da rigidez matinal dos seus dedos, dificuldades na memorização das notas, e com fragilidades em reconhecer a subtileza do ritmo. Carregar com um instrumento volumoso também não é tão fácil assim.
E atingiu um nível notável!
“Acredite ou não, mas eu toquei com uma orquestra” disse a Sra Gordon, que vive na zona sul de Boston. “Eu toquei num quarteto em formação no Conservatório de New England e frequento um curso de verão todos os anos. Dizer que estou intoxicada por esta experiência é o mínimo que sinto”
A Sra. Gordon é um membro daquele resistente grupo de músicos amadores, que escolhem um instrumento num estado mais adiantado da vida, desafiadores do ditado “Burro velho não aprende línguas”. Enquanto que muitos regressam ao instrumento depois de o ter estudado em criança, com vontade de tocar, mas já livres de uma obrigação imposta pelos pais, outro enfrentam o desafio a frio. Sem os cérebros jovens, com os seus abundantes neurónios a disparar, e com um físico desgastado por anos de vida, as técnicas aprendem-se mais devagar. A repetição física do exercício já não dá o mesmo rendimento.
Mas para aqueles que perduram, as recompensas podem ser enormes. Músicos na idade adulta podem encontrar redes sociais completamente novas e diferentes, um propósito e conteúdo à meia-idade e um canal para a sua criatividade anteriormente inexistente. O sentimento de realização pessoal pode ser extremamente poderoso.
“Tem sido uma viagem maravilhosa’ diz Cassandra. “Eu espero continuar a tocar até tarde na vida, com a frequência que puder.” Acrescenta “Eu só desejava ter começado 30 anos mais cedo.”
Disse também que os seus filhos e a sua neta, agora com 12 anos, são os seus maiores fãs.
Nos últimos 10 anos, a investigação na área da psicologia do desenvolvimento trouxe-nos informação importante. Eis alguns exemplos:
http://www.npr.org/2012/01/22/145461770/a-guitar-zero-finds-its-not-too-late-to-learn-music (para tradução portuguesa prima aqui)